18 de ago. de 2010

Hoje posso até não ler mais os seus bilhetes



Querida do passado (ou meu primeiro amor).
Parei de ler seus bilhetes. 

Espero que não se assuste. Vou falando assim na impulsividade; só pra você entender o porquê disso que vou tentar dizer nessas tão mal traçadas linhas subsequentes. É que faz algum tempo que parei de reler aqueles antigos bilhetes que faziam parte do nosso ritual, e sinceramente, acho que já devia de ter tomado tal atitude há muito tempo atrás. Hoje é a primeira vez no dia que resolvo escrever pra você, acho que fiz isso umas três ou quatro vezes há uns dias atrás, mas acabava por desistir... Não sei.

Saiba que isso aconteceu só porque ainda não tive coragem de me desfazer dos bilhetes, eles estão lá; intactos. Lembre-se disso...Os seus bilhetes estão no mesmo lugar em que você deixou, só para não fazer algo inesperado, tipo: como deletá-los num ímpeto de libertação do fantasma, ou exorcismo, lançando as lembranças, uma a uma, na minha lixeira.

É lamentável, mas, sinceramente eu precisaria de muito mais do que isso pra conseguir esquecer.  Só não vá pensar que não leio mais seus bilhetes porque eles me fazem mal, digo logo que não; eles não me fazem mal e nem bem. Eu já não sei mais o que eles me fazem. Quem sabe seja apenas pela saudade daquele tempo, lembra? Eu ando me lembrando vagamente, você sabe como anda a minha memória, portanto, não me ajuda a lembrar dessas coisas que não me fazem sentir nem bem nem mal, ela sabe que comigo ou é oito ou oitenta.

Isso tudo não é novidade pra você, apesar dos pesares e da sua fuga da minha vida, você conhece uma porcentagem muito significante a meu respeito. Enfim, prezado amor do passado, agora que consegui dizer isso, tive uma vontade quase incontrolável de ler aquele quarto ou quinto bilhete que você me mandou, aquele em que você mesmo com as suas crises de existências e TPM de quinta feira, dizia que as minhas comparações sobre o que eu sentia, eram gentis. Ledo engano, você é que soube ser gentil e paciente comigo.

Querido amor do passado, para ocupar esse vazio que ficou, passei a escrever pra mim mesmo, pelo menos eu me respondo e eu sei me esperar. Hoje posso até não ler mais os seus bilhetes, mas de você não me esqueço nunca, ou até quando eu decidir. Então fica bem, fica em paz. Obrigado pelos bilhetes e por tudo aquilo que compartilhamos, a sós.

Despretenciosamente, Mr.Jones

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