Uma estranha dá um beijo no guardanapo, sorri para mim com a suavidade de quem sabe usar um batom vermelho e saiu sem me dar techau. Uma espécie de lembrança, com certa intimidade. Numa fração de instantes, eu deixei de ser um doido e passei a ter o geniozinho tímido, e surgia na condição de profundo especialista em mulheres misteriosas e envolventes.
No guardanapo que ela me deu, não tinha sequer um numero de celular, uma dica, um email, nada escrito. Ela mudou a minha maneira de ver a lógica de uma circunstância ao acaso para sempre, e eles nunca mais se encontraram. Ela preferiu apostar tudo num pequeno gesto. O encanto virou um rastro repleto de enigmas na memória.