30 de ago. de 2009

O ir e vir da vida

Das histórias recebidas pro concurso TOP CONTADOR DE HISTÓRIA dessa semana, a eleita foi...

O ir e vir da vida



O brilhantismo da consciência é saber estabelecer a relação entre o real e o absurdo dos sentimentos que cercam o nosso caminho. As pessoas entram e saem da nossa vida como participantes de um jogo, onde não se tem ao certo um vencedor. Algumas participam ativamente no jogo, outras apenas observam os erros de jogadas e nos alertam, outras são meros expectadores, torcem ou não. Apenas assistem.

Mas é só impressão, pois a vida não é um jogo.

Às vezes acho que a grande verdade é que a vida foi inventada para cada um viver a sua, sem intervenções e sem dilemas. Apenas viver, cada um com sua parte. Mas é quando acontecem os sentimentos e os desejos, de compartilhar as derrotas e as vitórias. E é nesse momento em que estamos sozinhos. Quando mais precisamos de alguém que nos diga que vai ficar tudo bem. Aí, toda a nossa “fortaleza” cai por terra.

Outro dia acordei e não entendi muito bem o sentido da vida, de acordar em uma cama vazia em um dia frio e chuvoso. Em me levantar e me vestir de forte. Para que? Ainda outro dia não me perguntava o “para que”. Eu caminhava sozinha e ia e voltava refazendo o caminho várias vezes até acertar.Eu não tinha medo de errar. Hoje, depois que vi de perto que ser sozinha é muito difícil, já não consigo mais seguir sem rumo. Vivo da responsabilidade de ter que ser perfeita, quando nesse mundo não existe a perfeição. Ninguém é perfeito.

A coerência sempre fez parte da ética, as somas já não são tão exatas assim e o dividir ficou em algum lugar dessa longa e incansável busca. Ninguém mais divide. Cada um com a sua parte e se puder tomar a parte de alguém melhor, Maior a parte que fica. A outra? Que roube de outro. E assim vamos empobrecendo nosso espírito, esquecendo que todos sentem como nós, todos amam e odeiam. Entre as pessoas destacam-se os que sofrem e os que ganham, os que sentem pena e os que correm atrás. Algumas manipulam tão bem o seu sofrimento em benefício próprio que obtém uma esmola farta, assim nunca estão sozinhos, embora façam os outros infelizes. Os que sentem pena concordam que todos erram e permanecem no erro, não desejam ser pessoas melhores, apenas abaixam a cabeça e envolvem os outros nesse circulo vicioso de perdão e culpa.

Mas nesse jogo que se transformou a vida fica pelo caminho as pessoas que realmente se importaram com agente. Aquelas que em silêncio torciam por uma iniciativa nossa e só queria sorrir com agente. Mas estas pessoas diziam: Você pode ser ou fazer melhor. E isso passa a incomodar, e com o tempo passamos a excluir essas pessoas porque elas talvez viessem a ser o melhor que poderíamos ter na vida. Abrimos mão. E seguimos só. Só como o brilhantismo da nossa consciência, mas com o coração vazio...vazio de amor, vazio de esperança e vazio, inevitavelmente de nós mesmos.

Autora:Georgia Bastos


3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns à Georgia, por este texto, que nos faz pensar na intolerância para com os outros e para com nós mesmos. Por vezes essa ânsia de termos que ser tudo, e fazer tudo bem leva-nos à solidão, porque nos esquecemos de partilhar. Não precisamos deles, porque pensamos que tudo só depende de nós, e eles afastam-se...

Abraços
Luísa

Fábio Ramos disse...

Georgia.
Eu acabei de passar algo muito ruim na minha vida.
E este texto veio tocar fundo meu coração.
Além de ser um texto ótimo.
COntinue a escrever, pois o Mundo precisa de você.

Escritores!!!! E leitores!!!! Um mundo ideal.

abraço

Ge Bastos disse...

Obrigada pelos comentários,sinto-me honrada por participar desse concurso e de conseguir fazer as pessoas sentirem algo de importante lendo o que eu escrevo....bjs

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