27 de jun. de 2009

Falhou na cama. E agora?


Pobres entrevistadores, profissão difícil a deles. Na falta de assunto, são obrigados a perguntar para o entrevistado coisas estapafúrdias como “você já falhou na cama?”. E os convidados respondem, que gente educada. O cantor Fabio Junior, semana passada, disse num programa de tevê que também já havia falhado. É natural. Aliás, este tipo de falha nem deveria mais entrar em pauta, já que seres humanos se cansam, se estressam, ficam ansiosos, e isso tudo também acaba embolado nos lençóis. Broxar não é falha, é no máximo uma frustração momentânea, e passa. Falhar na cama é outra coisa. Quando um casal tira a roupa e se deita juntos, as regras passam a ser determinadas por eles e ninguém mais. Não há certo nem errado, tudo é permitido, desde que com o consentimento de ambas as partes. Consentiu? Então vale sadomasoquismo, fantasias eróticas, lambuzamentos, ménages a trois, a quatre, a cinq... vale o que der prazer, vale o combinado. O que não vale é forçar a barra. O que não pode é haver imposição de uma prática com a qual um dos dois não concorda. O que não se admite é violência e brutalidade, a não ser que elas façam parte do cardápio sexual do casal. Se não fizer, é estupro. Isso é falhar na cama. Não vou dizer que falta de amor também é falha, porque não é. Muitas vezes o amor não é convidado pra festinha. Não é preciso amar. Não é preciso nem fingir que ama, todo mundo é adulto e deve saber mais ou menos o que esperar do encontro. Mas, mesmo não amando, não custa ser carinhoso. Não custa, depois do embate terminado, ter um pouco de paciência, não sair correndo como se fosse perder o último ônibus da madrugada. Não custa lembrar do nome da pessoa com quem você esteve há cinco minutos gemendo agarradinho. Não custa dizer que foi bom pra você. Se não foi, considere essa mentirinha a boa ação do dia. Pra que dizer que vai denunciar a criatura pro Procon por propaganda enganosa? Não seja grosseiro. Isso é falhar na cama. O resto está liberado pra rolar. Inclusive não rolar.

(Martha Medeiros)


Obs: Complicado homens admitirem que broxem. O problema é que, por causa dessa disputa, ninguém quer ser o primeiro a mostrar suas fraquezas e defeitos para não dar ao outro alguma vantagem. Não que sejam realmente defeitos. Broxar todo mundo broxa. Basta o cara ter bebido umas a mais, ou aquele não ter sido um bom dia, ou muita pressão no trabalho, estresse...A mulher consegue transar em qualquer circunstância, mesmo sem tesão. Já o homem, fisicamente não funciona sem estar excitado. Ele broxa! Ocorre que a nossa cultura machista não perdoa essa falha e a considera um fracasso. Então ele tem o dever de "mostrar serviço" toda vez que é solicitado. Outro fator que leva alguns homens a não contar que algum dia já "falharam" é que, se com a mulher que ele estiver ele não fracassar, ela, então, poderá sentir-se poderosa, pois com ela ele não broxou! Já com a outra... E ele não quer dar a ela essa colher de chá (lembrem-se da disputa). Afinal, broxar é humano!

2 comentários:

disse...

Esse tipo de pergunta é pra sacanear o entrevistado, tipo saia justa!!!
Na minha opinião o homem não admite que falhou por puro machismo!!!

Abs

chica disse...

Esse texto da Martha como todos dela é legal e o tema acho que nunca sairá sem ser combinado.Os homens não gostam de falar noisso.abraços e um lindo fim de semana,chica

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