20 de ago. de 2009

Teclando com o perigo


A mesma internet, que facilita a vida de todo mundo, pode levar uma garota a se meter em muitas enrascadas. Como uma menina cai nessa e como você pode evitar perigos como cyberbullying, sites sobre anorexia e até pedofilia? Saiba aqui!

“Na hora do jantar, vá tomar banho. Depois, diga que vai comer no quarto e jogue a comida fora.” Amanda*, 19 anos, aprendeu essa e outras dicas absurdas em sites, fóruns e blogs que falavam sobre a Ana e a Mia – os “apelidos carinhosos” de anorexia e bulimia. Foram 7 kg a menos em apenas dois meses. Resultado: a garota foi parar no hospital, com um quadro grave de anemia profunda, cálculo renal e amenorréia (ausência de menstruação, causada, nesse caso, por desnutrição).

A família de Amanda jamais desconfiou do que se passava com ela. Afinal, a internet também ensinou como podia esconder a doença dos outros. Mas, depois que a verdade veio à tona, a garota foi levada a uma psicóloga e, após algumas sessões, conseguiu entender o que estava acontecendo.

O caso de Amanda choca, porém não espanta os estudiosos do fenômeno internet. Entre as pessoas que acessam páginas pró-anorexia e bulimia, estima-se que 67%** sejam jovens entre 13 e 17 anos.

É cada vez mais comum encontrar o perigo na internet

Há tempos, a internet deixou de ser uma fonte só de coisas legais. Em 2006, o gaúcho Vinicius Marques, 16 anos, se suicidou com a ajuda de um site em que pessoas davam dicas de como cometer o ato. No mesmo ano, outro caso se tornou famoso: o da americana Megan Meier, que se matou aos 13 anos quando seu namorado virtual passou a ignorá-la e a dizer coisas horríveis, como: “O mundo será um lugar melhor sem você”. Detalhe: o namorado virtual nunca existiu. Era um perfil fake criado pelos pais de uma vizinha da garota, que claramente não gostavam de Megan.

Depois de ler o que rolou com Amanda, Vinicius e Megan, a gente fica pensando: o que leva as pessoas a perderem seu tempo incentivando outras a se matar ou a desenvolver doenças como anorexia e bulimia? A resposta para essa crueldade é até ridícula: o anonimato.

Na internet, você pode ser quem quiser e dar vazão a qualquer tipo de sentimento sem que ninguém, a princípio, te julgue por isso e sem, necessariamente, ter que lidar com as conseqüências de seus atos. Mas o que leva alguém a buscar informações sobre como morrer ou ser anoréxica em sites, blogs e orkut?

Basicamente, curiosidade. Muitas pessoas – principalmente os adolescentes – têm interesse em saber o que acontece em páginas desse tipo. Agora, o que leva meninas e meninos a se deixar influenciar pelo tipo de conteúdo que aparece lá é, geralmente, um quadro de depressão instalado. Quando ficamos deprimidas, o primeiro impulso é se fechar e só se abrir com pessoas que de fato entendem o que você sente. A Amanda se sentia muito bem trocando idéias com outras meninas que passavam pela mesma situação que ela. Era melhor do que conversar com a própria mãe ou com as amigas.

Para não cair em roubadas...

• Limite o acesso de pessoas a suas fotos no orkut e divulgue pouquíssimas informações sobre você na net.

• Não revele dados pessoais a qualquer um. Se a pessoa for desconhecida e fizer perguntas muito indiscretas pelo MSN ou orkut, delete-a dos seus contatos.

• Desconfie de concursos e promoções do orkut. Sempre cheque com a fonte se tal coisa está mesmo rolando.

• Caso se sinta atraída por sites de conteúdos estranhos, pense: por que estou buscando esse tipo de informação? Não finja que nada está acontecendo. Fica a dica de sempre: se perceber que alguma coisa está errada, converse com seus pais e amigas de confiança.

Caso seja uma vítima...

Rola descobrir quem são as pessoas que se escondem atrás desses endereços e comunidades do mal. Para isso, é preciso chegar ao número do IP do computador de onde foi mandado a mensagem, criado o site/blog ou gerada a comunidade. Esse processo só pode ser feito com a ajuda de um advogado. Ele vai levantar provas – páginas impressas da internet, por exemplo – e pedir, através de um mandato judicial, que o provedor que hospeda a página rastreie e entregue as informações. Não é algo simples e rápido, mas essa é a forma que existe para encontrar as pessoas que tornam a internet tão perigosa. Caso alguma agressão virtual role com você ou alguma amiga, lembre-se de imprimir as provas.

* Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.

Quem deu as informações: Luciana Ruffo e Fernanda Gastin Escaleira, ambas psicólogas e membro do Núcleo de Pesquisa da Psicologia da Informática da PUC-SP, Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying, e Cristina Sleiman, advogada do escritório especializado em direito digital Patrícia Peck.

Fonte: capricho

4 comentários:

Principe Encantado disse...

Devemos além de proteger as crianças também nos policiar a respeito dessas armadilhas.
Abraços forte.

joselito disse...

Os sinais estão todos ai ... entretanto os pais relegam a um segundo plano e não acompanham e nem esclarecem .... entretanto tem muitos pais que não estavam preparadados para a revolução da internet ....

Unknown disse...

Isso é uma realidade. Infelizmente.
O facto é que temos que ser nós, pais, a controlar essa situação, quando se trata de pré-adolescentes e adolescentes.

Grande abraço
Luísa

Giovanna Carvalho (Edelman do Brasil) disse...

Olá! Sou Giovanna Carvalho da Edelman, agência de comunicação da Symantec, tudo bem?
Vi a proposta de blogagem coletiva que você fez e gostaria de oferecer alguns dados que poderiam ser do seu interesse. Uma pesquisa do começo do ano chamada NOLR fala sobre o comportamento das crianças de vários lugares do mundo na internet e o papel dos pais nesse controle. Recentemente também foi divulgado um documento que apontou que, dentre os termos mais buscados pelas crianças e adolescentes na web, estão "sexo" e "pornografia".
Caso tenha interesse em receber o material, por favor envie um e-mail para giovanna.carvalho@edelman.com
Um abraço!

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