30 de jul. de 2009

Quem me dera (ou não)


Quem me dera ser um peixe/ para em seu límpido aquário mergulhar..

(Vamos fingir que eu não vi a sacanagem implícita nos versos acima e começar um texto ingênuo e inocente.)

Quem me dera ser um mosquitinho, pra saber não só o que acontece no banheiro feminino - sonho dos menininhos da sexta série - mas pra poder entrar em lugares que ninguém pode, como numa daquelas reuniões de maçons nas quais o segredo é sagrado e jamais vai poder ser contado pra alguém de fora (afinal, sobre o que seria isso tudo?!). Ou pra poder descobrir coisas muito mais sórdidas. Isso tudo até eu me arrepender e voltar a ser gente.


Então, penso, quem me dera ser um adivinho de verdade, não desses fajutos que tem aos montes por aí. Poder adivinhar o que eu devo fazer nos momentos de indecisão e ajudar quem estivesse em cima do muro também. Até que eu visse alguma merda sem conserto e me martirizasse por não poder fazer nada além de esperar acontecer e acabasse resolvendo voltar a ser o que eu era antes.


Poderia, talvez, ser um cientista louco que iria descobrir a pílula mágica pra resolver todos aqueles problemas super sérios como dor de cotovelo, inveja, ciúme, olho gordo.. Mas, na falta de pessoas com desconfiômetro que se voluntariassem para ser testada, eu começasse a experimentar as coisas em mim e visse os revertérios causados por remédios em desenvolvimento sem resolução garantida e ficasse locão mesmo. Nesse ponto, se eu ainda tivesse alguma consciência que preste, eu ia querer voltar a ser apenas uma pessoa normal.

Pô.. Quem me dera poder ler todos os livros do mundo e ter todos eles na minha estante (que viraria uma pequena biblioteca). Até eu ler demais, ficar louco e nerd e sentir saudades de quem eu era antes: pouco quieto, pouco tempo e poucos livros.


Quem me dera ser aquela pessoa que eu acho super legal, super resolvida, super tudo. Até eu realmente cair na pele do dito cujo e perceber que tem muito mais por trás de uma carinha bonita e algumas atitudes legais e um tiquinho de falsidade. Vai ser nesse ponto que eu vou perceber que sou muito mais legal, muito mais bem resolvido e muito mais tudo que a tal pessoa. E, claro, vou querer voltar a ser quem eu era.

Parece mesmo que quanto mais eu penso em ser diferente, mais eu vejo que eu deveria ser exatamente como sou agora, com exatamente todos os defeitos e as qualidades que eu tenho. E ponto.

4 comentários:

Anônimo disse...

eu não sei se eu sou a unica que viajo nessa hipotese mas tu ja pensou ou tipo olhou pra alguem e se imaginou sendo aquela pessoa? rsrsrsrs eu sempre faço isso

Anônimo disse...

As vezes me pego pensando nessas coisas também... E penso, e reflito... e volto ao mesmo ponto.

Amei o texto, abração

Anônimo disse...

Mr Jones,sempre muito criativo e original!Adoro seus textos!Eu também ás vezes sonho em ser uma outra pessoa,mas com seu texto percebo que realmente não deve ser tão bom!Abraços,

Sandra Franzoso disse...

Baby, esse seu texto é incrível, ficou muito bem escrito. Parabéns!
"Zilhões" de beijos!

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