31 de mar. de 2009

O Tempo e a Magia.

Uns dizem que o tempo é sempre bom para nos fazer esquecer as coisas menos boas. A verdade é que aquilo que hoje nos magoa, aos poucos, vai perdendo a sua força e intensidade. Com o tempo, algumas coisas vão perder por completo o seu sentido, outras vão ficar gravadas em nós, mas sem a força que têm no momento em que nos ferem.
Um exemplo: eu não esqueci quando me disseram que as nuvens não eram de algodão. Falei pro meu pai que eu via desenhos nas nuvens. Ele veio com turbilhões de palavras muitas completamente estranhas para um menino de 9 anos. Ele disse: “- Nuvem é um conjunto visível de partículas diminutas de gelo ou água em seu estado líquido ou ainda de ambos ao mesmo tempo (mistas), que se encontram em suspensão na atmosfera, após terem se condensado ou liquefeito em virtude de fenômenos atmosféricos. ...e bla bla...
Para mim não adiantou de nada a explicação dele. Mesmo eu não sendo mais aquele menino de 9 anos, continuo olhando o céu e vendo nuvens feitas de algodão formarem imagens. Ontem eu vi uma que parecia um soldadinho de chumbo. E assim, me fez lembrar do Capitão Jonas, meu soldadinho que tenho guardado até hoje. As coisas boas que experimentamos na vida também sofrem mutações ao longo do tempo, algumas perdem a intensidade que só pode existir e ser vivida no momento. No entanto, aquelas que nos marcaram profundamente acabam por ganhar uma magia especial com o passar do tempo. E para que não haja as transformações, principalmente quando você chega na sua fase adulta, é não deixar perder a magia. O tempo apaga o supérfluo e mantém na memória o essencial na forma de saudades ou lições, conforme tenham sido situações agradáveis ou não que nos marcaram.
As coisas boas eu trago na memória sem mudanças nenhuma. As coisas menos boas, eu deixei a magia tomar conta, e elas continuam na minha lembrança e se tornaram coisas “boas”.













-Não são lindas as nuvens? Parecem bolas enormes de algodão! Eu podia ficar aqui o dia inteiro observando elas se mexerem. Se a gente usar a imaginação, vê um monte de coisa na formação das nuvens. O que é que você acha que vê?
- Bem... aquelas nuvens lá em cima parecem a tabela periódica. Aquela nuvem alí me lembra um pouco O Albert Einstein. E aquelas nuvens lá em cima me fazem lembrar a constelação de Órion.- É, isso é bonito. E o que é que você vê nas nuvens, Mr.Jones?
- Eu ia dizer que vi um patinho e um cavalinho, mas mudei de idéia.

4 comentários:

Dois Rios disse...

Oi, menino!

Concordo com você. O tempo é mágico. Ele suaviza as tristezas, abranda as mágoas e não apaga as boas lembranças.

Quanto as fantasias de criança, até hoje enterneço-me quando lembro das decepções que eu sofria quando um adulto vinha me dizer que "aquilo" não existia.

Hoje gosto de lembrar do que acreditei e, assim como você, também pensava que as nuvens eram de algodão.

Adorei o seu texto!

Beijos,
Inês

p.s. Obrigada pelo carinho da sua visita.

Indi(a)screet disse...

Capitao Jonas, soldadinho de chumbo guardado ate hoje..... seu codinome no blog eh Mr. Jones hummmmm caso classico de Sindrome do Peter Pan. Ja entendi :)

NelsonMS disse...

Meu caro Diego,

Viu ? Já és caro para mim !

Mais um texto formidávél. Fico fascinado com a tua capacidade de criar histórias. Sei que a personalidade que tens, e que valorizo, facilita a ti criar contos tão bem feitos e cativantes (aliás, você é o "criador", rsrsrs, não dá para esquecer).

Parabéns.

Um abraço.

Nelson

PROJETO NOVO IMPULSO disse...

Amado Diego, texto muito bom, você é show. Deixo esta frase: "Jamais se desespere em meio as sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda."
Deus o abençoe

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